terça-feira, 7 de abril de 2015

Black Metal: Ideologia e Som

   Pouco depois de finalizar o texto anterior, percebi que deveria ter dissertado um pouco mais sobre a natureza do Black Metal, uma vez que me utilizei de um simples método de comparação e não havia falado do Black Metal em si. Bem, com esse texto espero falar daquilo que ficou em branco no texto passado; contudo, este post está longe de ser um continuação, mas um acréscimo às informações apresentadas.
   Afirmo que o Black Metal nasceu com forte influência do Hardcore Punk e Speed Metal, sendo esses dois os elementos da First Wave Of Black Metal (Blackened Speed Metal). Assim, a temática satânica era corrente em bandas como o Venom etc.
   Na Second Wave também notamos forte caráter oculto que foi dando lugar à violência das bandas de Thrash Metal, ao paganismo nórdico do Bathory e a escola escandinava, lendas shintoistas (com o Sigh, nos anos 90), ocultismo e assim por diante.
   Nos anos noventa, com a Third Wave of Black Metal, o satanismo já não era o centro do Black Metal, mas a solidão, depressão, a natureza, os ideais políticos arianos do nacional socialismo, enfim, o Black Metal começou a se tornar um universo.

   Teclados, piano, violinos, vocais líricos, pedais que ajudam a simular atmosferas quase psicodélicas como no Shoegazing do Rock Alternativo, contrabaixos carregados de Grooves, levadas de bateria que mais lembram Jazz que Metal. Atualmente, desde o Avan Garde, passando pelo Post-Rock, flertando com Industrial e terminando em Sinfônico, isso é o Black Metal que foge quase que totalmente das gravações cruas (característico do Raw Black Metal ou das atmosferas densas do Funeral Doom, Depressive Black ou Atmorpheric Black.
   Pode-se encontrar letras das mais variadas possíveis dentro do Black Meal, seja uma lenda nórdica como a épica Man Of Iron quanto desilusões amorosas, pactos bestiais, fragilidade da vida humana, doenças psicossomáticas, consciência ecológica, ufanismo...

   O que vem a romper definitivamente com o satanismo no Black Metal é o UnBlack Metal, que não é nada mais nada menos que Black Metal cristão. Aí você me diz: "isso é bobagem!", mas e todas aquelas temáticas? O que são?
   A temática lírica não influi de maneira direta nem indireta num gênero como Heavy Metal, por que sinceramente, não há poetas ou grandes letristas no mundo do Metal. Ouvindo os álbuns pós-Seventh Son do Iron Maiden que são um tédio, mas que para alguns é uma "aula de história para metaleiros cultos e inteligentes" tem no final das contas os mesmos riffs de sempre. Para que eu não me complique nessa parte, deixe-me dizer: Heavy é ação, não reflexão. Se você puder adicionar suas crenças na música estará buscando uma forma de individualizar sua música, o que é bom e original; no mais, você só precisa de energia e força de vontade para que qualquer coisa saia bem feita, isso vale tanto na música quanto na vida (momento Hannah Montana de um aspirante a músico no auge dos seus dezenove anos de idade).

   Para concluir e não ser contraditório quando havia lamentado o destino do Black Metal, reafirmo: a escola norueguesa teve sua parcela na contribuição para a evolução do Black Metal, mas acabou por produzir pouco e material muito pobre. Os exemplos que citei apontam que o Black Metal é infinitamente mais amplo que podemos imaginar, mas que no fim, estas bandas diferentes compõe a grande minoria enquanto que a maioria insiste em fazer o mesmo som que os escandinavos: som tosco, de um amadorismo ingênuo que mantêm a técnica instrumental pobre e simplista; e ecos do velho ocultismo satânico e odinismo.

   Metal não tem ideologia; o pluralismo lírico é sem dúvidas importante e não repetir, mas fazer algo novo, é fundamental no mundo das artes.

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